quarta-feira, 23 de março de 2011

28/07/010

São 00:48hs, eu olho no relógio e o sono me falta. O que tem tirado meu sono? Esse medo de que meus sonhos se frustrem e de que as minhas certezas não passem de apostas.
O tempo passou, e eu não sou mais aquela garotinha de 13 anos que se via encantada diante de pouca coisa, não tenho mais tantos sonhos mirabolantes. As coisas agora funcionam diferente, o jogo mudou.
Estou a três meses da decisão que pode mudar a minha vida e as coisas só se confundem mais. Meus pais me pressionam de um lado, do outro fica o meu querer e o que de fato me liberta. Quero poder ser excelente na minha escolha, mas não sei se estou pronta pra isso.
Meu perfeccionismo ora ajuda, ora atrapalha, posto que eu não suporto errar (principalmente se tratando de escolhas). Queria que algo viesse e mudasse tudo, não me mostrasse o que fazer porque eu odeio qualquer tipo de imposição, mas uma luz na minha mente, uma voz de calmaria, talvez um som em meio a um deserto de dúvidas. Sentir-se responsável pelo meu futuro é terrivelmente encantador, me liberta, posto que é algo que só eu, única e exclusivamente eu, que posso fazê-la. 

Difícil, mas é um momento muito meu ...

sexta-feira, 18 de março de 2011

Eu !

"A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento. Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar"
(Fernando Pessoa)

Será que sou só eu ?
As vezes me pego sendo tão racional, que tenho até a audácia de me comparar ao eterno Fernando Pessoa.
Na verdade desde pequena me senti muito diferente dos outros ( não que eu me sinta especial ), mas no sentido de ser esquisita, estranha, incomum.
Eu fui uma criança que gostava de ler, escrever ( MUITO ) e de estudar. É, você não leu errado, eu gostava ( e gosto ) de estudar. O que já é um ponto, no quesito diferente. Admitamos que são raríssimas excessões as crianças que tem por gosto estudar.
Bom, enquanto ao racional, sou sim e sempre fui, pra falar a verdade. Nunca penso com os sentidos, penso com a razão. Sim, até sou fria às vezes ( na maioria das vezes ), mas sou assim, não me fiz assim. Sou também muitas.

Inúmeras vezes me peguei fora de mim, ao escrever um poema, por exemplo, como o próprio Fernando ( se me permiti, ô tão genial autor, tal aproximação ) que tem os seus heterônimos. Na verdade, tenho pelo menos 4 faces, além da que uso nesse exato momento ao escrever essas palavras.
Me sinto algumas vezes Álvaro de Campos, querendo sentir as coisas ao sumo de suas complexidades, me doando até mesmo à arte do sensitivismo. Outrora, me sinto simples como Ricardo Reis na concepção de mundo e na aceitação das relatividades da vida. Por hora, quero ser Caieiro, acreditar que as coisas não passam de coisas e que não há mistério que cerque a natureza e nem tão pouco o homem e Deus. E caio em mim, propriamente Fernando, certamente Renata, cheia de heterônimos. E será que isso que sou, nesse momento o qual vos escrevo sou eu ? ou sou poeta-fingidora ( se é que posso me considerar poeta ) e não tenho um "eu" fixo? e vou mudando constantemente e tudo isso sou eu e eu não sou ninguém, nem nada.

 " Não sou nada,
  Nunca serei nada.
  Não posso querer ser nada.
  À parte isso, tenho em mim TODOS os sonhos do mundo "
               (Tabacaria - Álvaro de Campos)




por: Renata Santos